Infelizmente, ainda são raras as oportunidades de assistir a eventos desta natureza em Portugal. Compreendo certas dificuldades que se vivem actualmente no nosso desporto motorizado; mas a Organização do Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, ultrapassou-as, apostou nesse desafio e está de parabéns. Para mim, o traçado, as instalações, o acolhimento, a qualidade e variedade de participantes, o ambiente, são uma agradável surpresa; para o entusiasta, um verdadeiro santuário do desporto motorizado.
Pouco depois de chegar, pelas 7:45, sigo para o paddock do CER, Classic Endurance Racing. Ver aquelas máquinas imersas na alvorada, as cores a despertarem com os primeiros raios de sol, sentir-lhes a história, revela-se um momento inesquecível.
Ver o Ford GT40/P1078, recordar a sua passagem por Le Mans em 1968, ou em Portugal, em 1970, nas 6 Horas de Vila Real, é emocionante. Ver o Porsche 936 pilotado pelo grande Jacky Ickx e Reinhold Joest na prova de Le Mans de 1980, ou o Porsche 911 RSR 3.0L de John Fitzpatrick, vencedor da Classe GTS em 1975, reviver esses momentos lendários no paddock de Portimão, subitamente transformado em máquina do tempo, revela-se outro momento inesquecível.
Ouvem-se os primeiros motores, os bólides arrancam para a pista, ensurdecedores. O cheiro e as vibrações durante a sua passagem deixam no ar um ambiente de adrenalina e emoção, congelado avidamente pela câmara.
A vitória do Porsche 936 Martini pilotado por Jean-Marc Luco no excelente traçado de Portimão é mais ou menos previsível, pela sua potência e eficácia neste tipo de provas; basta recordar Le Mans em 1976, 1977 e 1981...
O Autódromo Internacional do Algarve está de parabéns, e nós entusiastas aguardamos ansiosamente por mais. Muito mais. Portugal tem de insistir; Boavista, Vila Real, Caramulo são alguns exemplos de persistência. Bem-vindo, Portimão.
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